quarta-feira, novembro 10, 2010

Solidão Inexorável



Estava tudo muito calmo... Calmo de mais ao que era habitual... No entanto, lá estava ele: segurando o cigarro com as pontas dos dedos como se não tivesse grande celeridade para o terminar. Apesar do lento queimar do cigarro, ele apenas sentia a sua vida passar à sua frente com uma extrema adrenalina; como que de um cavalo enxovalhado pelo próprio dono se tratasse...
Já o sino da igreja dava as badaladas das 23h; a noite continuava monótona sem uma única estrela no céu para lhe fazer companhia, sem uma mão amiga para o guiar no meio da solidão, sem alguém que disse-se: "Eu amo-te!"; apenas um singelo cigarro com a sua ponta semi - queimada alternando com o vermelho, semelhante à sua cara inchada de tanto chorar, e com o preto, igual àquela noite e à sua alma vadia.
Tudo tem um fim. E esse mesmo fim tinha acabado de atracar nas portas da vida dele sem qualquer aviso nem notificação de chegada: apenas chegou.
Virou a cara, e viu, com um olhar semicerrado devido à intensidade das lágrimas, um banco; um banco que outrora já foi um vermelho vivo comparado ao seu sangue bombeado com emoção pelo seu coração após um singelo e eterno beijo oferecido pelos lábios dela, mas que, naquele momento, estava completamente desgastado e descolorido de tantos amores e "desamores"  se terem sentado ali naquele preciso banco...
Fechou os olhos, e imaginou ter tudo desaparecido: os seus sentimentos, os seus pensamentos, o seu passado, tudo! Tudo aquilo que lhe causou angústia, transtorno, apatia; nomeadamente, ela.


Sem comentários: